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sexta-feira, 1 de julho de 2016

Ocupação das escolas: a visão de quem viveu


Os problemas que envolvem a educação pública brasileira  são temas diários e são questionados constantemente por conta do descaso do governo com o sistema educacional. Ainda há um número considerável de analfabetismo no país, cerca de 22 milhões de brasileiros não sabem ler, ficando atrás de todos os países desenvolvidos e de alguns subdesenvolvidos, segundo o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). Já para aqueles que frequentam a escola, são submetidos a uma infraestrutura precária que muitas vezes não possuiu água e nem energia. Com isso a qualificação dos professores não é exercida com total vigor por conta de tais ambientes que desfavorecem o aprendizado. 


Além de todos esses fatores há também o baixo salário dos professores, que inúmeras vezes foram às ruas e fizeram greves com o intuito de receber melhorias em seu pagamento e melhores condições em seu ambiente de trabalho.
Dessa vez os alunos deixaram de ser apenas espectadores. 

Desde 21 de março, aproximadamente 70 escolas do estado do Rio de Janeiro foram ocupadas por alunos que buscam a melhoria e a mudança do método de ensino da rede pública. Segundo a secretaria de educação, aqueles alunos que são contra a ocupação podem pedir transferência para uma outra escola da rede estadual na mesma região, contanto que tenha vaga. Afirmaram também que as aulas serão repostas nos sábados do segundo semestre que irá de agosto até janeiro.

Para melhor entender a mobilização que está sendo realizada, entrevistamos Thierry, aluno do Colégio Estadual André Maurois e que até então estava participando ativamente do movimento. Os alunos organizaram-se pacificamente e ocuparam a escola no dia 14 de abril de 2016. 


P: Qual seu nome? E idade? Thierry, 18 anos.

P: Como é feita a divisão de trabalhos na escola com a ocupação? Você faz parte de qual grupo? O trabalho é dividido em comissões, por exemplo: comunicação, segurança, recepção, alimentação, limpeza, entre outros. Faço parte do grupo de comunicação.

P: Quando você se viu na obrigação de tomar uma atitude? Quando os professores ficaram sem receber o salário; quando houve corte no número de funcionários.

P: O que vocês pretendem conquistar com essa ocupação? Melhores condições de ensino, fim do SAERJ, realização de simulados para melhor preparação dos alunos, melhoria na infraestrutura, voto direto para direção, retorno do RioCard (havia sido bloqueado), equipes de limpeza, entre outros.

P: O que até agora vocês afirmam terem conquistado? Fim do SAERJ, voto direto pra direção, retorno do RioCard.

P: O que é SAERJ? É uma prova que analisa o desempenho dos alunos nas áreas de Língua Portuguesa e Matemática, porém não há uma preparação eficaz para realização dessa prova.

P: Vocês tem um líder? Não temos um líder. Geralmente nos reunimos em assembléias, comissões e reuniões e todos tem o direito de se manifestar.

P: O que a direção e os professores acham da atitude de vocês? A direção é totalmente contra. Já os professores tem os que são contra e tem os que são a favor. 

P: Que tipo de apoio vocês estão recebendo? As pessoas contribuem da forma que podem. Mantimentos, professores que se interessam em dar aulas, material didático, entre outros.

P: Vocês tem medo de sofrerem um “ataque surpresa” da polícia, por exemplo? Temos receio. Inclusive, a polícia já veio na escola com pretexto de vistoria. Disseram que haviam mandato, porém não mostraram o documento e então não deixamos entrar. 

P: Como as pessoas podem ajudar? As pessoas podem fazer doação de mantimentos, material didático, dar aulas, entre outros.

P: E os alunos que vão fazer o ENEM, como é feita a preparação acadêmica já que vocês não estão tendo aulas regulares? Vocês estão inseguros? Os professores que se interessam dão aula. Inseguros nós sempre estamos, afinal, a rede pública nunca está totalmente preparada para o ENEM.
                          Entrevista realizada no dia 30 de maio de 2016
O Colégio Estadual André Maurois foi desocupado, todavia a luta pela educação pública de qualidade continua.

PARTICIPE VOCÊ TAMBÉM!



Por: Daniele Melo, Stephanie Sousa, Thayane Gondim, Stephanie Ferro, Pedro Sabença, Leticia Martins, Ana Clara e Marckson Assis

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